MARCAS DA FOME

Minha vida é marcada por um sentimento muito forte de repulsa contra a fome. Acredito que sentir a dor da FOME deve ser a pior e a mais cruel experiência que o ser humano pode passar na face da terra. No Brasil hoje são cerca de 5,0 milhões de crianças desnutridas e a desnutrição é simplesmente uma das manifestações da FOME. No mundo morrem por dia cerca de 30.000 crianças de fome, isto é: todas as vezes que o ponteiro do seu relógio marcar "meia noite", naquele momento você poderá dizer: "Bom, acabou de morrer a última criança de fome hoje!" - É triste, não?

Estou alarmado com os danos que a desnutrição ou a fome (são a mesma coisa) causa nas crianças. São sequelas que MARCAM a VIDA para todo o sempre desses pequeninos esquecidos pela sorte.

Implantamos na nossa BASE MISSIONÁRIA em MULUNGU - PB um PROGRAMA DE COMBATE À DESNUTRIÇÃO. É uma obra de fé. Na dependência de Deus servimos por mês mais de 1.368 refeições. Essa foi uma forma de dizer que confio em DEUS e que por isso, dentro dos meus limites e até onde aprouver a Deus me levar a ser e fazer, eu ter força para DIZEDR NÃO À FOME. Se você acha que vale a pena somar esforços, entre em contato conosco. Na verdade temos mais 02 BASESonde precisamos implantar esse mesmo projeto além de ampliar esse que já realizamos.
Situação de muito lamento diante da grande destruição causada pelas enchentes em PALMARES. Essa foto foi tirada quase 30 dias após a enchente. Vejas as pessoas tirando alimentos da lama ara levarem para casa. Temos desafios muito grandes. No interior dos municípios, isto é: na zona rural acreditamos que o quadro é mais crítico ainda, pois muitos lugares ainda estão sem estradas e há poucas informações.

RELATO DRAMÁTICO:
Estive conversando com o Pastor Cláudio Costa Lima, pastor de uma igreja em Palmares. Na sexta-feira 18 de junho no inicio da tarde já era grande o alvoroço na cidade, o "corre corre", informações desencontradas, engarrafamentos em muitas ruas, pessoas desesperadas... Começa ali o desenrolar de uma catástrofe! No final da tarde já com a casa cheia de água, subiu para o 1o. andar. A água continuou a subir e a família do pastor Cláudio foi obrigada a subir na laje da casa (acima do 1o. andar). Anoiteceu naquela sexta-feira. O rio roncava (como se diz na região), impetuoso avançava derrubando casas, levando no bojo de suas águas tudo o que encontrava pela frente: Geladeiras, fogões, móveis, carros, moendas de engenhos, tanques (gigantescos) de usinas de álcóol e etc. A família continuava em cima da laje. Passou a noite e ao amanhecer o dia via melhor a sua cidade sendo destruída, mas ali estavam sem nenhuma perspectiva de resgate. Os bombeiros fizeram várias tentaivas sem suesso. Alguns corpos de pessoas foram vistos, de cima da laje, sendo levados pelo rio. Somente no final da tarde do sábado, com um bote a motor é que os bombeiros conseguiram vencer a  correnteza do rio e assim puderam resgatar a família do pastor Cláudio. Hoje, muitas vidas na cidade e região estão traumatizadas, com sentimentos fortes de perda, sentimentos de desolação. São VIDAS MARCADAS.

MARCADO PARA NÃO DESISTIR



 Visita nas áreas devastadas pelas enchentes em PALMARES e adjacências.



MARCADO PARA NÃO DESISTIR

Compartilho com você as marcas de minha vida para que, de alguma forma, possa fortalecer a sua fé.Esse é o meu desejo, essa é a minha oração.


Em breves postagens estarei compartilhando com vocês as minhas experiências com DEUS. Sejam todos bem vindos!


Minha infância

Nascí em 20 de junho de 1953 na cidade de João Pessoa, sendo levado de trem logo em seguida para a cidade de Mulungu, a 80 km de João Pessoa, onde passei minha infância até aos 12 anos. Meus pais não eram dotados de recursos, trabalhava duro. Minha mãe, além de dona de casa, mãe de 09 filhos, trabalhava às vezes até pelas madrugadas na boca de um forno a lenha para ajudar nas despesas de casa.

Minha infância não foi num berço de ouro, mas eu podia desfrutar de algumas coisas que hoje, mesmo se nós quisermos, teremos que Ter duas coisas: Dinheiro e Tempo: Eu ia com meu pai, normalmente aos domingos para caçar rolinhas ou para pescar. Meu pai me ensinou a carregar a espingarda e a dar o meu primeiro tiro. Em casa, era comum nos sentarmos na calçada à luz de um candeeiro a querosene e conversávamos bastante e ali muitas vezes meu pai nos contava histórias fantasiosas, que chamávamos de “histórias de trancozo” – era esse o termo usado. A minha cidade não tinha calçamento, nem água encanada nem luz elétrica. As pessoas andavam no escuro mesmo ou com uma lanterna a pilha. Muitos nós reconhecíamos pela voz quando passavam na rua e nos cumprimentava. Ah!... E o trem? Que pena que não volta mais! Nesse momento, como numa tela, vem as imagens dos riachos correndo, um peixe fisgando o anzol, ou o canto de uma rolinha num pé de amorosa. O banho de rio era quase obrigatório, muito embora que esse mesmo rio, anos depois, engoliu dois de meus irmãos de uma só vez: um com 11 anos e outro com 17 anos. Somos marcados por algumas tristezas desse tipo.

Como todo garoto “católico” do interior freqüentava regularmente a missa, fazendo a primeira comunhão. Cheguei a falar com o padre da paróquia, que era amigo de meu pai, pois eu desejava ser ajudante ou sacristão. Havia no meu coração um sentimento de temor a Deus.

Uma das boas lembranças da minha infância era das minhas viagens à cidade de Rio Tinto que tinha uma feira que exalava o cheiro das jacas, dos caranguejos que alí eram vendidos. Eu gostava de passar com minhas tias pelas barracas de sapatos. Eram barracas de madeira, e normalmente minhas tinhas, vez ou outra, compravam um par de sapato para mim, mas eu gostava mesmo era do ambiente, do cheiro dos calçados de sola, de ver as “marinetes”, eram carros de madeira ou ônibus com bagageiros que levavam as pessoas para a Vila Regina, um bairro que ficava num monte cercado de eucaliptos, com suas casas quase todas iguais, de tijolos aparente, com um chafariz no meio da rua arenosa. O apito da fábrica ecoa ainda hoje, ainda consigo me lembrar. As pessoas saiam feito formigas, correndo, umas de bicicletas ou a pé. Quase ninguém tinha carro. Andar no meio dos eucaliptos e tomar banhos no rio que descia da mata com aquela água cristalina que trazia algumas folhas secas que passeavam sobre as águas, é também algo difícil de esquecer.